Algumas alunas do nosso grupo esteve no Museu da Língua Portuguesa aqui em São Paulo e gostaríamos de mostrar algumas fotos à vocês.
Para conhecer um pouco mais sobre a historia da língua marque com seus colegas de sala e faça visita ao Museu da língua Portuguesa, mas enquanto isso entre no site e confira maiores informações.: http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/institucional.php
Letras
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terça-feira, 23 de setembro de 2014
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
LINGÜÍSTICA DO SÉC. XX: AS CONTRIBUIÇÕES DE FERDINAND DE SAUSSURE
Sabemos que Louis Ferdinand de Saussure é considerado o “Pai da Lingüística” por ter utilizado um método sistemático para explicar as línguas humanas. A sua obra, CURSO DE LINGÜÍSTICA GERAL, é considerada uma obra fundadora da Lingüística Moderna. Ela apresenta dois aspectos fundamentais relacionados á definição da escrita: a inclusão da Lingüística como ciência e o porquê de seu objeto de estudo.Para ele (Saussure), signo lingüístico é uma entidade psíquica de duais faces. No caso é a associação entre um SIGNIFICANTE e um SIGNIFICADO. Aquele seria como que a imagem acústica. E este o conceito. Podemos dizer que é o que se pensou a respeito de algo e o que se escreveu sobre esse algo pensado. Sabemos que a escrita não demonstra realmente a idéia do objeto pensado. Quando se diz, por exemplo, a palavra BOI, aquele que não sabe ou tem pouca noção de escrita, pode pensar em escrever uma enorme quantidade de letras pelo fato de que o ‘boi’ é um grande animal. Porém a palavra boi só tem três letras. No caso se eu, por exemplo, como professor de Alfabetização de Jovens e Adultos, pedisse pros meus alunos escreverem a palavra FORMIGA, muitos deles com certeza, escreveriam poucas letras pelo fato de que a formiga é um pequeno animal. Saussure, no explica entanto, que o nosso cérebro tem toda uma capacidade de “radiografar”, expresso-me dessa maneira, essa imagem acústica todas as vezes que se fala a palavra boi ou formiga por exemplo, ao animal que se é. Por tanto existe essa dupla faceta que é o significante e o significado.
O signo lingüístico seria então assim expresso:
SL= SIGNIFICADO+SIGNIFICANTE.
Saussure usa dois termos: Plano de Conteúdo e Plano de Expressão. O primeiro seria a idéia que forma na nossa mente e o segundo seria justamente os sons que formam a palavra dessa idéia. Ou seja, o significado e o significante. Outra característica é que o signo lingüístico é um acordo livre entre os homens. Ele chama isso de arbitrariedade. Podemos assim concluir que cada cultura tem a sua maneira de estruturação dos signos lingüísticos. O texto assim expressa: “O princípio da arbitrariedade do signo, que é o primeiro princípio enunciado por Saussure e, segundo ele mesmo, o de primordial importância na área lingüística, não estaria, portanto, relacionado com a conexão do signo com o mundo, com a coisa do mundo real designado pelo signo”.
Ele também nos diz que o signo linguístico é articulado e ao mesmo tempo, linear. Articulado pelo fato de que ele pode se decompor em partes menores que são os fonemas.
FONEMA E LETRA
Fonema é a unidade mínima sonora que é capaz de estabelecer diferenciação entre um vocábulo e outro.
Ex: bola / bota.
Como se vê a diferenciação entre as duas palavras acima é marcada pelos fonemas /l/ e /t/.
Fonemas e letras apresentam conceitos distintos:
- fonema é a representação sonora;
- letra é a representação gráfica do fonema;
Numa palavra, nem sempre há o mesmo número de letras e fonemas.
A palavra táxi, por exemplo, possui:
- quatro letras (t-á-x-i)
- cinco fonemas (t-á-k-s-i)
A palavra hora possui:
- quatro letras (h-o-r-a)
- três fonemas (o-r-a)
Na palavra canta temos:
-cinco letras (c-a-n-t-a)
-quatro fonemas (c-ã-t-a)
Veja: BOLA= fonemas: b/o/l/a/ (considerando os sons). Letras: b-o-la (considerando a grafia dos sons). Da mesma maneira a palavra bota.
Percebe-se também que os signos se organizam uns após os outros. Por isso é linear.
Alguns estudiosos da língua afirmam que existem DICOTOMIAS, que significa “divisão em partes iguais”. São quatro dicotomias presentes na teoria de Saussure acerca da linguagem:
1. SINCRONIA X DIACRONIA: Embora Saussure defendesse a perspectiva sincrônica no estudo das línguas, ele reconhecia a importância e a complementaridade das duas abordagens: a sincrônica e a diacrônica. A descrição sincrônica analisa as relações existentes entre os fatos lingüísticos num estado de língua; os estudos diacrônicos são feitos com base na análise de sucessivos estados da língua. O estudo sincrônico sempre precede o diacrônico. Para explicar, por exemplo, como o pronome de tratamento Vossa Mercê se transformou até assumir a forma atual Você, pronome pessoal, é necessário comparar diferentes estados de língua previamente caracterizados como tais e observar as mudanças que ocorreram na expressão sonora e no uso.
2. LÍNGUA X FALA: Na dicotomia língua versus fala, Saussure separa os fatos de língua dos fatos de fala: os fatos de língua dizem respeito à estrutura do sistema lingüístico e os fatos de fala dizem respeito ao uso desse sistema. Na sua visão, a dicotomia língua versus fala é pertinente à medida que os fatos de língua podem ser estudados separadamente dos fatos de fala. Contudo, ele não deixa de considerar as interferências entre os dois tipos de fatos quando se aponta para as diferenças entre um fato de língua e um fato de fala. Saussure considera que uma mudança no sistema pode advir de fatos de fala (1969:27), como as mudanças de produção de sons que ocorrem na fala e alteram o sistema fônico. Só são pertinentes para o estudo do sistema da língua quando interferem diretamente nas relações internas entre seus elementos.
3. SIGNIFICANTE X SIGNIFICADO: Ao afirmar que a relação é entre significado e significante, a relação entre as coisas do mundo e as palavras deixa de ser considerada na definição de uma língua. O mundo e suas coisas passam para um domínio que está fora dos estudos lingüísticos e a língua ganha uma especificidade própria. Um significante e um significado formam um signo que, por sua vez, é definido dentro de um sistema, ou seja, um signo ganha valor na relação com outros signos. Esse conceito de signo traz a significação para dentro da língua e de sua estrutura. O que significa são signos em suas relações uns com os outros e não a relação entre as palavras e as coisas do mundo.
PARADIGMA X SINTAGMA: estabelece-se a dicotomia paradigma versus sintagma, na qual se definem, respectivamente, as relações de seleção e as relações de combinação entre os elementos lingüísticos. Tanto na frase, em nível sintático, quanto na palavra, em nível morfológico, podem ser determinadas relações sintagmáticas e paradigmáticas. Em uma representação gráfica, costuma-se colocar o sintagma como um eixo horizontal e o paradigma como um eixo vertical. Na frase João ama Teresa há um eixo horizontal sobre o qual se dispõem os elementos lingüísticos combinados em um sintagma, e há eixos verticais, para cada posição do sintagma, sobre o qual se dispõem os elementos lingüísticos que podem, por meio de relações paradigmáticas, ocupar essa posição.
Posso concluir que Ferdinand Saussure no que diz respeito aos seus estudos acerca da linguagem, representa um marco histórico nas pesquisas lingüísticas. Destaco também que segundo Orlandi (1986), a lingüística tem quatro disciplinas e/ou componentes que correspondem a quatro níveis de análise: a fonologia (que se ocupa das unidades sonoras), a sintaxe (que estuda a estrutura da frase) e a morfologia (que estuda as formas das palavras) que, juntas, constituem a gramática; e a semântica (que estuda os significados).
Disponivel em <http://cassioletras.blogspot.com.br/2011/09/linguistica-do-sec-xx-as-contribuicoes.html >. Por Cássio José. Acesso em 04 set. 2014.
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
História da língua portuguesa no Brasil
O Brasil foi "descoberto" por Portugal no ano de 1500, e desde então, com a grande presença dos portugueses nos territórios brasileiros, a língua portuguesa foi se enraizando, enquanto as línguas indígenas foram aos poucos desaparecendo. Uma delas, talvez a que mais influenciou o atual português falado no Brasil, era o Tupinambá ou Tupi-guarani, falado pelos índios que habitavam o litoral. Esta língua foi a primeira utilizada como língua geral na colônia, ao lado do português, pois os padres jesuítas que vieram para catequizar os índios, estudaram e acabaram difundindo a língua.
No ano de
1757 uma Provisão Real proibiu a utilização do Tupi, época esta, em
que o Português já suplantava esta língua, ficando ele, o Português,
com o título de idioma oficial. Em 1759 os jesuítas foram expulsos, e a partir
de então a língua portuguesa se tornou definitivamente a língua oficial do
Brasil.
A língua
portuguesa, falada no Brasil, herdou, no entanto, um vasto vocabulário das
línguas indígenas, principalmente no que se diz respeito às denominações
da fauna, flora, e demais palavras relacionadas à natureza.
Os
portugueses trouxeram, então, muitos escravos capturados na África, para trabalhar nas terras brasileiras, e
estes vieram falando diversos dialetos, os quais contribuíram para a construção
da nossa língua. Muito do que temos hoje, foi herdado das línguas africanas,
bem como itens culturais que vieram junto com os escravos e aqui se instalaram.
Deste
modo, a língua portuguesa falada no Brasil, foi se distanciando da língua
portuguesa falada em Portugal, pois enquanto aqui, a língua recebia as
influências dos índios (nativos) e dos imigrantes africanos, em Portugal a
língua recebia influência do francês (principalmente devido à cultura, educação, etc., que na época era
prestigiada na frança.)
Quando a
família real veio para o Brasil, entre 1808 e 1821, as duas línguas novamente
se “aproximaram”, pois devido à grande quantidade de
portugueses nas grandes cidades, a língua foi sofrendo novamente a influência
dos mesmos e se parecendo com a língua-mãe.
O
português brasileiro sofreu, ainda, influências dos espanhóis, holandeses
e demais países europeus que invadiram o Brasil após a independência
(1822). Isso explica o porquê de algumas diferenças de vocabulário e/ou
sotaque existentes entre algumas regiões do Brasil.
Com a
influência do Romantismo
(movimento artístico-literário que aconteceu no início do século XIX), a literatura produzida no Brasil se intensificou, e
a língua portuguesa falada no Brasil foi se encorpando e ganhando uma nova
forma, diferenciando-se ainda mais da língua portuguesa falada em Portugal. Foi
despertado no país o individualismo e o nacionalismo através da
literatura, além da realidade política que impulsionava o país a se
distanciar e diferenciar ainda mais de Portugal.
A
normatização da língua foi como que consagrada pelo movimento modernista
(1922), que trouxe como crítica a valorização excessiva que ainda se
dava à cultura européia, e motivou o povo a valorizar sua própria
língua como “brasileira”.
Recentemente
tivemos uma reforma ortográfica, implantada no ano de 2009, a partir de um
acordo feito entre os países que tem como idioma oficial a língua portuguesa, e
algumas regras de escrita que diferenciavam a norma, foram
modificadas, deixando-a unificada. A oralidade, no entanto, continua mantendo
consideráveis distinções.
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Linguística
A Linguística é concebida como a ciência que se
ocupa do estudo acerca dos fatos da linguagem, cujo precursor foi Ferdinand de Saussure.
Ferdinand de Saussure – considerado o fundador da Linguística
O termo “Linguística” pode ser definido como a ciência que estuda os fatos da linguagem. Para que possamos compreender o porquê de ela ser caracterizada como uma ciência, tomemos como exemplo o caso da gramática normativa, uma vez que ela não descreve a língua como realmente se evidencia, mas sim como deve ser materializada pelos falantes, constituída por um conjunto de sinais (as palavras) e por um conjunto de regras, de modo a realizar a combinação desses.
Assim, a título de reforçarmos ainda mais a ideia abordada, consideremos as palavras de André Martinet, acerca do conceito de Linguística:
“A linguística é o estudo científico da linguagem humana. Diz-se que um estudo é científico quando se baseia na observação dos fatos e se abstém de propor qualquer escolha entre tais fatos, em nome de certos princípios estéticos ou morais. ‘Científico’ opõe-se a ‘prescritivo’. No caso da linguística, importa especialmente insistir no caráter científico e não prescritivo do estudo: como o objeto desta ciência constitui uma atividade humana, é grande a tentação de abandonar o domínio da observação imparcial para recomendar determinado comportamento, de deixar de notar o que realmente se diz para passar a recomendar o que deve dizer-se”.
MARTINET, André. Elementos de linguística geral. 8 ed. Lisboa: Martins Fontes, 1978.
O fundador destaciência foi Ferdinand de Saussure, um linguista suíço cujas contribuições em muito auxiliaram para o caráter autônomo adquirido por essa ciência de estudo. Assim, antes de retratá-las, constatemos um pouco mais acerca de seus dados biográficos:
Ferdinand de Saussure nasceu em 26 de novembro de 1857 em Genebra, Suíça. Por incentivo de um amigo da família e filólogo, Adolphe Pictet, deu início aos seus estudos linguísticos. Estudou Química e Física, mas continuou fazendo cursos de gramática grega e latina, quando se convenceu de que sua carreira estava voltada mesmo para tais estudos, ingressou-se na Sociedade Linguística de Paris. Em Leipzig estudou línguas europeias, e aos vinte e um anos publicou uma dissertação sobre o sistema primitivo das vogais nas línguas indo-europeias, defendendo, posteriormente, sua tese de doutorado sobre o uso do caso genitivo em sânscrito, na cidade de Berlim. Retornando a Paris passou a ensinar sânscrito, gótico e alemão e filologia indo-europeia. Retornando a Genebra continuou a lecionar novamente sânscrito e linguística histórica em geral.
Na Universidade de Genebra, entre os anos de 1907 e 1910, Saussure ministrou três cursos sobre linguística, e em 1916, três anos após sua morte, Charles Bally e Albert Sechehaye, alunos dele, compilaram todas as informações que tinham aprendido e editaram o chamado Curso de Linguística Geral – livro no qual ele apresenta distintos conceitos que serviram de sustentáculo para o desenvolvimento da linguística moderna.
Entre tais conceitos, tornam-se passível de menção alguns deles, tais como as dicotomias:
Língua X Fala
Esse grande mestre suíço aponta que entre dois elementos há uma diferença que os demarca: enquanto a língua é concebida como um conjunto de valores que se opõem uns aos outros e que está inserida na mente humana como um produto social, razão pela qual é homogênea, a fala é considerada como um ato individual, pertencendo a cada indivíduo que a utiliza. Sendo, portanto, sujeita a fatores externos.
Significante X Significado
Para Saussure, o signo linguístico se compõe de duas faces básicas: a do significado – relativo ao conceito, isto é, à imagem acústica, e a do significante – caracterizado pela realização material de tal conceito, por meio dos fonemas e letras. Falando em signo, torna-se relevante dizer acerca do caráter arbitrário que o nutre, pois, sob a visão saussuriana, nada existe no conceito que o leve a ser denominado pela sequência de fonemas, como é o caso da palavra casa, por exemplo, e de tantas outras. Fato esses que bem se comprova pelas diferenças existentes entre as línguas, visto que um mesmo significado é representado por significantes distintos, como é ocaso da palavra cachorro (em português); dog (inglês); perro (espanhol); chien (francês) e cane (italiano).
Sintagma X Paradigma
Na visão de Saussure, o sintagma é a combinação de formas mínimas numa unidade linguística superior, ou seja, a sequência de fonemas se desenvolve numa cadeia, em que um sucede ao outro, e dois fonemas não podem ocupar o mesmo lugar nessa cadeia. Enquanto que o paradigma para ele se constitui de um conjunto de elementos similares, os quais se associam na memória, formando conjuntos relacionados ao significado (campo semântico). Como o autor mesmo afirma, é o banco de reservas da língua.
Sincronia X Diacronia
Saussure, por meio dessa relação dicotômica retratou a existência de uma visão sincrônica – o estudo descritivo da linguística em contraste à visão diacrônica - estudo da linguística histórica, materializado pela mudança dos signos ao longo do tempo. Tal afirmação, dita em outras palavras, trata-se de um estudo da linguagem a partir de um dado ponto do tempo (visão sincrônica), levando-se em consideração as transformações decorridas mediante as sucessões históricas (visão diacrônica), como é o caso da palavra vosmecê, você, ocê, cê, vc...
Mediante os postulados aqui expostos, cabe ainda ressaltar que a linguística não se afirma como uma ciência isolada, haja vista que se relaciona com outras áreas do conhecimento humano, tendo por base os conceitos dessas. Por essa razão, pode-se dizer que ela assim subdivide:
* Psicolinguística – trata-se da parte da linguística que compreende as relações entre linguagem e pensamentos humanos.
* Linguística aplicada – revela-se como a parte dessa ciência que aplica os conceitos linguísticos no aperfeiçoamento da comunicação humana, como é o caso do ensino das diferentes línguas.
* Sociolinguística – considerada a parte da linguística que trata das relações existentes entre fatos linguísticos e fatos sociais.
Disponível em <HTTP://pt.wikipedia.org./wiki/linguistica>.
Por Vânia Duarte Graduada em
Letras. Acesso em 22 ago. 2014.
Introdução à Linguística
Em termos
específicos, Linguística é a ciência que estuda os fenômenos naturais que ocorrem com a
linguagem verbal e, também oral. Desta forma ela cumpre importante papel já que
difunde conhecimentos e descobertas da linguagem que permitem ao homem entender
melhor as mudanças provenientes do seu processo de evolução dentro da história
da humanidade. Nos últimos anos, os linguistas - pessoas que se dedicam à
pesquisa e ao estudo da língua- tem expandido numerosos trabalhos e descobertas
sobre esta área com o intuito de explicar mais claramente esses fenômenos
linguísticos. Como exemplo desses fenômenos cita-se as mutações sofridas tanto
pela linguagem verbal quanto pela linguagem oral - dois eixos imprescindíveis
de pesquisas e descobertas. Os estudiosos compreendem, portanto, que todas as
mudanças que ocorrem com a linguagem escrita transferem aspectos ao ato de
criação individual da fala.
Língua – Um conjunto de frases, cada
uma delas formada por uma série de palavras. Sendo assim é uma atividade, um
processo criativo ininterrupto de construção, que se materializa sob a
forma de atos individuais de fala.
Linguagem
- É o uso
de toda essa atividade, desse conjunto de frases e série de palavras que em
determinado local, contexto histórico e social são usadas pelos seres humanos
para que aconteça a comunicação. Logo, a linguística explora esse
universo de comunicação e suas transformações para identificar os fenômenos que
ocorrem através dos tempos.
A Linguística divide- se em alguns ramos de estudo:
- Fonética - estudo encarregado de
analisar o som no momento em que este soa para formar a palavra e por isso
confere a este características distintas para que seja feita sua
classificação.
- Fonologia – encarrega-se
de explicar, a partir dos sons básicos da língua, a identidade de suas
partículas sonoras, logo a fonologia permite a identificação dos sons da
voz que são emitidos pelo aparelho humano.
- Morfologia - A estrutura de estudo que analisa a
formação das palavras chama-se morfologia. Este estudo ocorre entre o
aspecto formal e interno dos enunciados e pode ser chamado de análise
formal. A partir do estudo da norma culta ou padrão a morfologia
identifica possíveis ocorrências nestas estruturas de formação e contribui
para a evolução do sentido dos enunciados.
- Sintaxe - Estuda as regras e suas aplicações, além de
identificar a ordem dos componentes e como estes aparecem na
formação e composição das frases ou enunciados.
- Semântica - Por Semântica entende-se
a união de determinadas unidades menores e constituintes de uma língua que
tem por fim a construção de unidades de enunciação maiores de escrita e comunicação.
- Lexicologia - Lembra léxico,
vocabulário de um idioma, por exemplo, a Língua Portuguesa possui seu
léxico e, portanto, a lexicologia é a responsável por descrever o
seu uso e sentido dentro da lexicografia - ramo que elabora dicionários,
enciclopédias e demais obras que identificam a língua falada no
Brasil.
- Terminologia - Cabe a ela estudar termos
que estão em uso em uma língua e dar-lhes uma explicação plausível em
níveis linguísticos. É uma ciência para estudo destes termos que
estão sendo usados em determinadas situações enunciativas.
- Estilística - A língua possui
características peculiares às quais pode-se dar o nome de poder de
expressão ou, ainda, capacidade de provocar sensações dentro de um
determinado contexto comunicativo e a Estilística encarregar-se-á de
trazer essas respostas dentro dos conceitos linguísticos.
- Pragmática - Estuda a linguagem em sua situação
real de comunicação, ou seja, no momento de formação do enunciado. O
locutor e o interlocutor são elos principais para que ocorra a interação
linguística de acordo com os conceitos pragmáticos.
- Filologia – Disciplina que estuda textos antigos ou do passado. Busca explicá-los de forma que ocorra a interligação entre os aspectos diacrônicos, sincrônicos, linguísticos e situacionais de comunicação.
- Disponivel em < http://pt.wikipedia.org./wiki/linguística >.
sexta-feira, 13 de junho de 2014
sexta-feira, 23 de maio de 2014
Sintagma nominal
Sintagma nominal
O sintagma nominal pode ter como núcleo um nome (N) ou um pro-
nome (Pro) substantivo (pessoal, demonstrativo, indefinido, interrogativo,
possessivo ou relativo). O SN pode ser formado apenas pelo núcleo, ou
também por outros elementos, como o determinante (Det), o modificador
(Mod) e outros sintagmas.
O determinante pode ser simples ou complexo. Simples, porque apre-
senta um elemento representado pelo artigo, numeral ou pronome adjetivo.
Complexo por ser constituído por mais de um elemento. Neste caso, funcio-
nam como determinante-base o artigo e o pronome demonstrativo; como pós-
determinante, os numerais e os possessivos e, como predeterminante, certas
expressões indefinidas (todos, a maior parte de, etc.). Todos esses elementos
obedecem a uma ordem de colocação. A regra completa do determinante é a
seguinte:
Det -> (pré-det) det-base (pós-det)
Com a regra de estrutura frasal apresentada, já se pode evidenciar
uma divergência em relação à gramática tradicional, visto que, na regra
exposta, cada elemento tem um papel definido no sintagma, enquanto que
pela norma todos os elementos periféricos recebem a denominação de ad-
juntos adnominais.
Os modificadores podem ser compostos por sintagmas adjetivais ou
por sintagmas preposicionais, apresentando a seguinte regra: Mod -> SA
SP
O modificador, quando anteposto ao nome, recebe o rótulo de
Mod, visto que é formado apenas por um elemento; já, quando posposto
ao nome, pode ser expresso como SA ou SP por apresentar mais de um
elemento, como será visto adiante nas regras de estrutura do sintagma
preposicionado e adjetival. Essa diferença de rótulo não seria necessária,
pois ambos representam, caracterizam o nome, mas resultam num melhor
entendimento quanto à extensão e às diversas possibilidades de emprego.
O SA ou SP posposto ao nome será modificador quando for dependente do
mesmo quanto à regência e contexto.
A regra de reescritura do sintagma nominal pode ser assim descrita:
O sintagma nominal pode ter como núcleo um nome (N) ou um pro-
nome (Pro) substantivo (pessoal, demonstrativo, indefinido, interrogativo,
possessivo ou relativo). O SN pode ser formado apenas pelo núcleo, ou
também por outros elementos, como o determinante (Det), o modificador
(Mod) e outros sintagmas.
O determinante pode ser simples ou complexo. Simples, porque apre-
senta um elemento representado pelo artigo, numeral ou pronome adjetivo.
Complexo por ser constituído por mais de um elemento. Neste caso, funcio-
nam como determinante-base o artigo e o pronome demonstrativo; como pós-
determinante, os numerais e os possessivos e, como predeterminante, certas
expressões indefinidas (todos, a maior parte de, etc.). Todos esses elementos
obedecem a uma ordem de colocação. A regra completa do determinante é a
seguinte:
Det -> (pré-det) det-base (pós-det)
Com a regra de estrutura frasal apresentada, já se pode evidenciar
uma divergência em relação à gramática tradicional, visto que, na regra
exposta, cada elemento tem um papel definido no sintagma, enquanto que
pela norma todos os elementos periféricos recebem a denominação de ad-
juntos adnominais.
Os modificadores podem ser compostos por sintagmas adjetivais ou
por sintagmas preposicionais, apresentando a seguinte regra: Mod -> SA
SP
O modificador, quando anteposto ao nome, recebe o rótulo de
Mod, visto que é formado apenas por um elemento; já, quando posposto
ao nome, pode ser expresso como SA ou SP por apresentar mais de um
elemento, como será visto adiante nas regras de estrutura do sintagma
preposicionado e adjetival. Essa diferença de rótulo não seria necessária,
pois ambos representam, caracterizam o nome, mas resultam num melhor
entendimento quanto à extensão e às diversas possibilidades de emprego.
O SA ou SP posposto ao nome será modificador quando for dependente do
mesmo quanto à regência e contexto.
A regra de reescritura do sintagma nominal pode ser assim descrita:
Fonte: SINTAXE GERATIVA: REFLEXÕES PARA A
PRÁTICA PEDAGÓGICA DA LÍNGUA PORTUGUESA1
Disciplinarum Scientia. Serie: Artes, Letras e Comunicacao, Santa Maria, v. 4, n. 1, p. 125-153, 2
Os sintagmas
O sintagma é um conjunto de elementos com valor significativo na
oração, mantendo entre si uma relação de dependência e de ordem. Nos
exemplos acima, as orações foram divididas em dois constituintes que
assumem as mesmas características e funções: no primeiro, encontram-se
os termos a menina, Pedro, formando um tipo de sintagma, no caso, no-
minal, pois possuem como núcleo um nome. Já, no segundo constituinte,
tem-se os termos chegou e foi ao baile, formando um sintagma verbal,
cujo núcleo é um verbo. A denominação de cada sintagma depende de seu
núcleo. Além do sintagma nominal (SN) e do sintagma verbal (SV), temos
o sintagma adjetival (SA), cujo núcleo é um adjetivo e o sintagma prepo-
sicionado (SP) formado, normalmente, de preposição + sintagma nominal.
Essas classificações sobre sintagmas e as explicações e exemplificações que
se seguirão estão baseadas em Silva & Koch (2001), além de contribuições de
outros autores que serão apresentados no decorrer deste trabalho.
Todas as orações podem ser decompostas em, no mínimo, dois
constituintes: SN + SV, independente de sua extensão. Destes dois consti-
tuintes, o SV deverá sempre aparecer explícito, o que, às vezes, não acon-
tece com o SN, como no exemplo (6). No entanto, seu lugar é garantido
no sintagma-base, embora não apareça estruturalmente.
(5) João e Maria/ compraram um presente para seus pais.
SN SV
(6) (Eles)/ Compraram um presente para seus pais.
SN SV
A gramática tradicional inclui a classificação de oração sem sujeito
para as orações em que o processo verbal não se refere a nenhum ser,
como no exemplo (7), embora a sintaxe gerativa estipule a existência obri-
gatória de um sujeito e um predicado. A explicação parte da estrutura e
não do significado e porque essas frases possuem um sintagma nominal
lexicalmente não preenchido.
(7) (Δ)/ Choveu.
SN SV
Além dos dois sintagmas obrigatórios já descritos, há um terceiro
com as seguintes características: a) é facultativo - pode ser retirado da ora-
ção sem prejudicar a estrutura sintática; b) é móvel - pode ser deslocado
para várias posições da estrutura sintática entre os sintagmas; c) possui a
forma de um sintagma preposicionado.
(8) Joãozinho/ chegará /amanhã.
SN SV SPc
Conforme colocações feitas acima, pode-se descrever as regras de
estrutura frasal da seguinte forma:
F= T + P
O= SN + SV (SP)
oração, mantendo entre si uma relação de dependência e de ordem. Nos
exemplos acima, as orações foram divididas em dois constituintes que
assumem as mesmas características e funções: no primeiro, encontram-se
os termos a menina, Pedro, formando um tipo de sintagma, no caso, no-
minal, pois possuem como núcleo um nome. Já, no segundo constituinte,
tem-se os termos chegou e foi ao baile, formando um sintagma verbal,
cujo núcleo é um verbo. A denominação de cada sintagma depende de seu
núcleo. Além do sintagma nominal (SN) e do sintagma verbal (SV), temos
o sintagma adjetival (SA), cujo núcleo é um adjetivo e o sintagma prepo-
sicionado (SP) formado, normalmente, de preposição + sintagma nominal.
Essas classificações sobre sintagmas e as explicações e exemplificações que
se seguirão estão baseadas em Silva & Koch (2001), além de contribuições de
outros autores que serão apresentados no decorrer deste trabalho.
Todas as orações podem ser decompostas em, no mínimo, dois
constituintes: SN + SV, independente de sua extensão. Destes dois consti-
tuintes, o SV deverá sempre aparecer explícito, o que, às vezes, não acon-
tece com o SN, como no exemplo (6). No entanto, seu lugar é garantido
no sintagma-base, embora não apareça estruturalmente.
(5) João e Maria/ compraram um presente para seus pais.
SN SV
(6) (Eles)/ Compraram um presente para seus pais.
SN SV
A gramática tradicional inclui a classificação de oração sem sujeito
para as orações em que o processo verbal não se refere a nenhum ser,
como no exemplo (7), embora a sintaxe gerativa estipule a existência obri-
gatória de um sujeito e um predicado. A explicação parte da estrutura e
não do significado e porque essas frases possuem um sintagma nominal
lexicalmente não preenchido.
(7) (Δ)/ Choveu.
SN SV
Além dos dois sintagmas obrigatórios já descritos, há um terceiro
com as seguintes características: a) é facultativo - pode ser retirado da ora-
ção sem prejudicar a estrutura sintática; b) é móvel - pode ser deslocado
para várias posições da estrutura sintática entre os sintagmas; c) possui a
forma de um sintagma preposicionado.
(8) Joãozinho/ chegará /amanhã.
SN SV SPc
Conforme colocações feitas acima, pode-se descrever as regras de
estrutura frasal da seguinte forma:
F= T + P
O= SN + SV (SP)
Fonte: SINTAXE GERATIVA: REFLEXÕES PARA A
PRÁTICA PEDAGÓGICA DA LÍNGUA PORTUGUESA1
Disciplinarum Scientia. Serie: Artes, Letras e Comunicacao, Santa Maria, v. 4, n. 1, p. 125-153, 2
Organização e Estruturação da Frase/Oração
A frase é a expressão verbal de um pensamento ou o enunciado
capaz de estabelecer uma comunicação, para isso, deve ter um
sentido
completo; e, quanto a extensão, pode ser formada por um termo ou
pela
combinação de elementos. Na escrita, a frase inicia por uma maiúscula
e
termina com sinais de pontuação. Diferencia-se, basicamente, da oração
por esta ser constituída de sujeito (podendo não estar em nível
oracional) e
predicado (obrigatório), alem de inúmeros termos e também orações.
Nesse estudo, utilizar-se-ao as orações por apresentarem uma
estrutura
propicia para a análise gramatical, pois possuem linearidade
e hierarquia
entre os constituintes. Partindo do principio dessa ordenação,
Perini (2000, p. 227)
propôs uma regra de estrutura sintática para a oração,
sendo
que os termos nos parênteses podem ou não aparecer explícitos:
Nas frases acima, pode-se perceber que os exemplos (1), (2) e (3)
apre-
sentam, no mínimo, um predicado, constituinte obrigatório na oração.
Já o
exemplo (4) não possui predicado, mas e um ato comunicativo e tem
sentido
completo, portanto, uma frase, mas não oração. Dos exemplos
citados, verifica-se
que toda a oração e uma frase, mas nem toda frase e uma oração.
Silva & Koch (2001) estabelecem uma regra de constituição para
toda
e qualquer frase formada de um conteúdo proposicional ou proposição
(P),
ou ainda, oração (O) composta por elementos linguísticos
(sintagmas) que se
organizam através de pergunta, exclamação, ordem, desejo, etc, em
forma de
tipos de frase (T).
E a proposição que será descrita estruturalmente através das
regras
de reescritura, de estrutura frasal ou de base, em que os
elementos mantém
relações de ordem e dependência. Será visto adiante que a descrição
da
estrutura sintática e formal e não semântica, como, em geral, a gramática
tradicional expõe quando conceitua o sujeito como aquele de quem
se diz
algo. Para a gramatica descritiva, sujeito e o termo que esta em relação de
concordância com o verbo (Ndp).
Uma oração e formada por unidades menores significativas, ou seja,
constituintes que compõem uma unidade sintático-semântica chamada
sintagma. Mas, como descobrir quais são os sintagmas de uma oração?
Para isso, Silva & Koch (2001) utilizam o procedimento da comutação
com os seguintes objetivos: a) segmentação – decompor o conteúdo pro-
posicional em subconjuntos; b) substituição – verificar quais
subconjuntos
possuem a mesma função.
Fonte: SINTAXE GERATIVA: REFLEXÕES PARA A
PRÁTICA PEDAGÓGICA
DA LÍNGUA PORTUGUESA1
Disciplinarum Scientia. Serie: Artes, Letras e Comunicacao, Santa Maria, v. 4, n. 1, p. 125-153,
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quinta-feira, 15 de maio de 2014
Noam Chomsky
Dentro da cabeça de Noam Chomsky
Estudioso que revolucionou a lingüística com modelos atemáticos para explicar a comunicação humana. Polemista afiado e ídolo da esquerda mundial. Conheça suas idéias, sua obra e por que há tanta gente interessada no que ele tem a dizer
por Luís Augusto Fischer
por Luís Augusto Fischer
Quando o naturalista inglês Charles Darwin observou os seres vivos e entre eles percebeu nexos e continuidades, combi-nando as idéias de evolução e de seleção natural, o mundo nunca mais foi o mesmo, porque nossa compreensão acerca da vida mudou. Do lingüista e pensador americano Avram Noam Chomsky se pode dizer o mesmo. Autor de mais de 70 livros traduzidos para mais de dez línguas, Chomsky também revolucionou sua área científica, a exemplo de Darwin.
Chomsky mudou o objeto de estudo da lingüística. Como tinha acontecido um século antes no domínio da natureza bruta, também na ciência da linguagem pouca gente tinha ousado alguma teoria unificadora. Chomsky o fez.
Lingüística é o estudo da linguagem, da gramática das diferentes línguas e da história desses idiomas. Quando Chomsky apareceu no cenário intelectual, esse ramo da ciência tinha vivido poucos avanços significativos. Para falar a verdade, dois. O primeiro foi a criação da tradição clássica, originada no mundo grego, que perdurou até o final do século 19. O segundo salto foi o estruturalismo, criado pelo suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913).
Na visão clássica, estudava-se uma língua só por meio dos textos escritos. Os lingüistas rastreavam registros escritos, desde as línguas antigas (latim, grego, aramaico) até alcançar o presente. Esse tipo de abordagem exigia estudiosos que dominassem várias línguas, fazendo descrições de cada caso. Havia pouca capacidade de generalização, ou seja, de transpor o conhecimento acumulado sobre uma língua para outra língua. Era uma abordagem enciclopédica, que considerava os registros escritos como o ponto alto de um idioma.
No começo do século 20, era essa visão normativa, com separação clara do que era certo e o que era errado, que dominava o estudo da língua. Quer dizer: o que importava não era saber como funcionava a linguagem, e sim estabelecer e perpetuar as formas tidas como corretas, socialmente prestigiadas. O exemplo brasileiro mais saliente dessa visão é o de Ruy Barbosa, o jurista e político cujos textos, até a metade do século passado, foram tidos como um exemplo de português culto. Essa visão também influenciava o ensino. Na escola, estudava-se a origem da língua (seus pais ou avós provavelmente tiveram aulas de latim) e as mudanças que ocorreram na língua-mãe, até chegar à língua moderna culta. Parecia impossível ensinar o idioma de outro modo.
Saussure inovou, comparando o aprendizado de uma língua a um jogo de xadrez. Numa partida em curso, qualquer pessoa pode tomar o lugar de um dos jogadores, porque as regras do jogo são poucas e bem conhecidas. Por isso, não importa muito saber como o cavalo foi parar ali, ou como a torre foi perdida. O que vale é saber que, dada a situação das peças e conhecidas as regras, a partida pode seguir, agora manejada por alguém que chegou depois do início. Assim é o aprendizado da língua, disse ele: ninguém tem que obrigatoriamente saber a história da língua para falá-la e escrevê-la aqui e agora.
Foi um golpe certeiro. O estruturalismo, como ficou conhecida essa modalidade de estudo da língua, foi tão bem recebido que se expandiu para outras áreas (a antropologia, por exemplo). Para os adeptos dessa visão, estudar uma língua é realçar as estruturas que a compõem e descrevê-las, sem ligar para a história que a trouxe do mundo primitivo até o presente. Estava aberto o caminho para uma abordagem científica da linguagem, porque não se tratava mais de caçar o certo e o errado, mas de tomar a língua como um objeto. Com isso, caía por terra a suposta superioridade de uma língua sobre outra.
Tal mudança tinha motivações concretas. Uma delas era o contato cada vez mais freqüente com línguas não oriundas nem do latim nem do grego. Com sua postura etnocêntrica e escritocêntrica, um lingüista clássico, defrontado com uma língua indígena puramente oral, sem registro escrito, nada podia fazer. O idioma morreria com o último falante nativo. (Anos depois, Chomsky disse que com a perda de uma língua se perde uma pista, talvez irrecuperável, para a solução do mistério da linguagem humana.) Mas, se ele quisesse conhecer o modo de ser daquela cultura, seria preciso outra atitude: gravar as falas dos índios, anotá-las e depois descrevê-las no maior detalhe possível.
O estruturalismo permitia essa revolucionária abordagem: não há aquela visão normativa, de certo e errado, nem necessidade de recorrer à história para entender o presente. A ênfase recai sobre a base empírica, sobre os dados de linguagem verificáveis. Pela primeira vez, a língua ganha estatuto científico, com autonomia em relação à moral, à cultura, aos bons costumes.
Como se faz um lingüista
A formação acadêmica de Chomsky é curiosa. Filho de professor de hebraico, ele dispunha de um conhecimento familiar da matéria, manejando o inglês e o hebraico com intimidade. Avram Noam nasceu em 7 de dezembro de 1928, em Filadélfia, Pensilvânia. Seu pai era William (originalmente, Zev) Chomsky, judeu russo que emigrou para a América em 1913, para não ser obrigado a servir no Exército. Sua mãe se chamava Elsie Simonofsky. Os dois tinham profundas relações com a tradição judaica, e William logo se tornou especialista na gramática do hebraico.
Noam passou por experiência escolar marcante. Dos 2 aos 12 anos, freqüentou um colégio inspirado nas idéias de John Dewey (1859-1952), filósofo americano que pregava um ensino livre de avaliações formais, a favor da criatividade, com desafios à inteligência e nenhuma caretice. Nesse clima, Noam escreve seu primeiro artigo, para o jornal da escola, sobre a queda de Barcelona, foco de resistência dos anarquistas, durante a Guerra Civil espanhola. Tinha 10 anos.
Tão positiva foi essa experiência de aprendizado libertário, que a passagem para uma escola tradicional, na adolescência, foi um choque. Lá ele aprenderia os horrores da avaliação emburrecedora e da doutrinação ideológica, que ele passou a combater de corpo e alma. Anos depois, em carta a seu biógrafo, ele comentava a consciência que começou a desenvolver ao descobrir-se torcedor do time de futebol da escola. “Por que eu estou torcendo por esse time? Eu não conheço essa gente, e eles não me conhecem. Então, por que eu torço? Bem, é o tipo da coisa que você é treinado para fazer. É uma coisa incutida em você. É uma coisa que leva ao ufanismo e à subordinação mental.” Mas seu pensamento libertário o isolava. No dia em que seu país bombardeava Hiroshima e Nagasaki, Chomsky estava em férias numa colônia da escola. Ele disse que se sentiu horrorizado, enquanto seus colegas comemoravam.
Bom leitor desde a infância, Chomsky teve uma formação particular. Aos 13 começou a freqüentar Nova York, onde tinha parentes, entre eles um tio, dono de banca de revistas, que funcionava como centro cultural informal. Era um sujeito de formação fraca, mas inteligente. Levado por parentes, freqüentou círculos anarquistas, tudo imerso no mundo cultural dos imigrantes judeus recém-vindos da Europa, gente com ótima formação cultural, embora ali trabalhassem em ofícios manuais.
Isso explica, em parte, por que Chomsky nunca foi marxista, muito menos leninista: ele sabia que havia brutalidade também do lado soviético. Desenvolveu ainda um senso agudo de leitor: para ele, pensadores marxistas como o húngaro Georg Lukács (1885-1971) não lhe soavam profundos, mas confusos. E a clareza e a simplicidade lhe parecem marcas essenciais das grandes idéias. Daí sua admiração por Dwight MacDonald, o ficcionista inglês George Orwell (1903-1950), e Bertrand Russell (1872-1970). Aliás, um dos raros elementos decorativos presentes na sala de Chomsky no Massachusetts Institute of Technology (MIT), o prestigiado instituto americano onde ele hoje leciona, é um pôster de Russell, admirado como filósofo, aliado das classes populares e crítico do papel da elite na reprodução ideológica de seu poder.
Por essa altura, ele passou a apoiar o sionismo, o movimento religioso e político, originado no século 19, que pregava o restabelecimento, na Palestina, de um Estado judaico. Mas é preciso ver que na época, antes da fundação do Estado de Israel, em 1948, ser sionista era ser de esquerda. Os sionistas de então acreditavam que o novo país seria uma sociedade solidária, com matizes socialistas que se configuraram nos kibutzim, colônias de produção coletiva e cooperação entre os palestinos e os judeus. Alguns anos mais tarde, quando começou a namorar sua futura esposa, Carol Schatz, enfrentou uma escolha difícil: seguir a carreira acadêmica ou migrar para Israel? Mas a maior aproximação com Israel foram algumas semanas passadas em um kibutz, em 1953.
Anos depois, sua posição sobre Israel foi tomada como anti-sionista. Mas foi a palavra que mudou de sentido. A partir da ocupação de territórios palestinos e árabes por Israel, ser sionista passou a significar apoio à política expansionista e antiárabe do Estado de Israel.
Na universidade, caminhou entre a filosofia e a lingüística, sem nunca perder de vista o debate e a prática da esquerda libertária não-comunista. Aprendeu árabe. Em 1947, quando estava decidindo sua especialidade, encontrou Zellig Harris, lingüista e pensador judeu americano que foi para ele um parâmetro moral, político e científico. Harris, também sionista, era estruturalista, e Chomsky aprendeu muito com ele. O suficiente para superá-lo.
Descobertas renovadas
Sua entrada para o MIT ocorreu em 1955. Universidade tecnológica com pouca tradição em humanidades e, por isso mesmo, livre da burocracia e da ciumeira tradicionais nas ciências humanas, o instituto não se importou com o fato de Chomsky ter uma formação híbrida de matemática, psicologia, filosofia e lingüística. Ele vai trabalhar numa atividade de que discordava, o desenvolvimento de uma máquina de tradução, para decodificar comunicações cifradas, na Guerra Fria.
A pesquisa tinha patrocínio de nada menos que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica americanas, mais a Nasa, a agência espacial. Para um esquerdista, era uma saia justa ideológica, que ele desvestiu com elegância: ao publicar o hoje clássico Aspectos da Teoria da Sintaxe, em 1957, o primeiro produzido no MIT, ele cita seus financiadores e declara que é permitida a reprodução daquele trabalho para “qualquer finalidade do governo dos Estados Unidos”.
A relação de Chomsky com governos nunca foi tranqüila. Ele rejeita sistematicamente convites oficiais, mesmo vindos de governos de esquerda. Ao Brasil, ele veio este ano, quando o Fórum Social Mundial o convidou – mas aí eram organizações não-governamentais.
No MIT, Chomsky desenvolveu uma crítica ao estruturalismo. Essa corrente concebia a linguagem como algo que se aprendia por imitação. Era uma teoria behaviorista, baseada na crença de que, em última instância, o ser humano não tem nada de inato, tudo é aprendido por adestramento. O maior formulador dessa teoria foi o psicólogo americano B.F. Skinner (1904-1990), famoso pela descrição de mecanismos de controle das ações humanas por estímulo e resposta.
Chomsky tem coceiras na alma quando ouve falar de adestramento, dada sua crença na criatividade humana. Em sua concepção, a linguagem é uma capacidade humana natural, inscrita no DNA. É a tese que defende em vários artigos e livros hoje clássicos, como Lingüística Cartesiana, em que toma o mote do racionalista francês René Descartes (1595-1650) sobre tal questão. Dizia Descartes: se uma criança for criada entre lobos, ela não desenvolverá a linguagem. Mas, se voltar ao convívio humano, tudo volta ao que deveria ser, e ela aprende a falar. Já um macaco, mesmo que seja criado apenas entre humanos, jamais desenvolverá a linguagem, que nele não é inata.
Pode parecer pouco, mas essa posição é revolucionária, ainda que recupere pensadores racionalistas e iluministas. Ao criticar Skinner, Chomsky estava não apenas discutindo lingüística, mas atacando a convergência entre o ponto de vista científico e o desejo de domínio das classes dominantes sobre as pessoas. Mais ainda, Chomsky estava mudando radicalmente a localização do objeto de estudo da lingüística: enquanto para os estruturalistas a língua era algo externo ao homem, para ele o foco era a capacidade inata da linguagem, porque ali, dentro de todos e de cada um, está um tesouro, que é preciso estudar. (Essa capacidade que faz você, leitor, entender esta frase que está lendo agora, frase que nunca tinha lido antes mas que faz sentido – esta capacidade é o objeto da lingüística chomskyana.)
Chomsky também diverge do empirismo dos estruturalistas. Para eles, a tarefa do lingüista consiste em descrever as línguas tal como se apresentam, na fala das pessoas ou nos textos. Para Chomsky, esse caminho positivista é um beco sem saída, ou melhor, um caminho sem fim: cada época, cada região e mesmo cada indivíduo sempre modificam um pouco a língua, de maneira que o trabalho seria uma catalogação infinita. Começou a falar alto a parte matemática de sua formação.
Chomsky postulou que se pode descrever algebricamente as línguas – ou melhor, a língua humana –, a partir de esquemas abstratos e não de dados colhidos em cada situação. Saiu da visão indutiva e passou à dedução: em vez de procurar as particularidades de cada língua, ele cogitou que, sendo manifestações de uma condição inata, as línguas devem guardar características universais, marcas de sua origem comum no cérebro humano.
Para descrever o processo cerebral que dava origem às frases, Chomsky postulou a tese de que a linguagem humana ocorre em dois níveis: uma estrutura profunda, na qual o raciocínio ocorreria sem o uso de palavras (mais propriamente, essa estrutura corresponderia ao que hoje concebemos como um software), e uma estrutura superficial, que são as frases que dizemos, pensamos e escrevemos. Entre os dois níveis haveria um conjunto de transformações, que o lingüista deveria descrever.
Um exemplo clássico. Tome duas frases: “João comprou o caderno” e “O caderno foi comprado por João”. Para um estruturalista, que só trabalha com a língua manifestada, observável diretamente, elas são muito diferentes. Já para Chomsky as duas frases seriam, apesar das diferenças óbvias, muito próximas, porque dizem a mesma coisa, descrevem a mesma ação, mudando a ênfase – a primeira começa a frase pelo agente da ação, enquanto a segunda inicia com o objeto (as formas ativa e passiva). Ou seja: na estrutura profunda, as duas frases seriam uma só. As transformações entre um estágio e outro é que seriam objeto do lingüista.
Vêm daí as nomenclaturas originais de sua teoria: ele queria descrever uma gramática (no sentido de conjunto de regras de funcionamento da língua) que fosse gerativa (capaz de gerar, no sentido matemático, todas as frases possíveis a partir de um conjunto limitado de regras e elementos) e transformacional (que descrevesse as regras de transformação entre as duas estruturas).
Militância política
A política sempre esteve presente na vida de Chomsky. Desde o jornal da escola, depois na vivência nas ruas da Nova York da Segunda Guerra, no debate sionista, na aproximação com grupos anarquistas. Sua atuação hoje é desdobramento da velha militância, marcada pelo anarquismo, pela perspectiva libertária, pelo racionalismo iluminista.
Na primeira contribuição relevante à prestigiosa revista The New York Review of Books, em 1967, ele escreveu um longo artigo, A Responsabilidade dos Intelectuais. Nele, Chomsky lembra que, 20 anos antes, lera um texto decisivo em sua formação, de Dwight MacDonald (1906-1982), jornalista de esquerda que formulava perguntas como: “Até que ponto os britânicos e americanos somos responsáveis pelos aterrorizantes bombardeios sobre civis, executados como uma simples técnica por nossas democracias ocidentais culminando em Hiroshima e Nagasaki, certamente um dos mais indizíveis crimes da história?”
Foi com essa inspiração que Chomsky construiu o que, para ele, era a tarefa central dos intelectuais: “Os intelectuais têm condições de denunciar as mentiras dos governos e de analisar suas ações, suas causas e suas intenções escondidas. É responsabilidade dos intelectuais dizer a verdade e denunciar as mentiras”. Era o ano de 1967, e os Estados Unidos estavam em guerra com o Vietnã.
Politicamente, Chomsky se define como anarquista. Mas ele tem uma visão própria do termo. Para ele, anarquismo é a convicção de que a obrigação de se explicar é sempre da autoridade, e que esta deve ser destituída caso não consiga fazê-lo. Trata-se de posição não ortodoxa, não partidária e certamente anticomunista, mas pela esquerda.
Para ele, capitalismo é um mercantilismo corporativo, controlado por empresas ajustadas com governos, que sempre intervêm a favor do capital, apesar da fantasia do livre mercado (inexistente, diz ele, nos Estados Unidos e em toda parte), e que exercem controle sobre a economia, a política, a sociedade e a cultura. Seu inimigo é o poder do capital e do Estado. Para ele, os indivíduos
Eremita solitário
A posição filosófica de Chomsky, em princípio, não tem relação com sua atividade científica, voltada para a busca do caráter universal da linguagem humana a partir de uma abordagem algébrica. Mesmo a semântica não importa. Sua famosa frase “Colorless green ideas sleep furiously” (“Idéias incolores verdes dormem furiosamente”, em português) representa a tese de que qualquer falante reconhece frases mesmo que sem sentido, o que seria uma prova da qualidade inata da linguagem. O Chomsky militante tem interesse no mundo social, ao passo que o cientista não quer saber dele diretamente. Só muito abstratamente, como ele costuma dizer, os dois universos se encontram. Um desses pontos de contato é o Iluminismo – a procura de universais, sejam eles lingüísticos ou republicanos. Outro é a fé na razão, que pode ser a razão filosófica ou a razão do bom senso. Ou o cosmopolitismo, tanto na aceitação da validade de qualquer língua humana quando na compreensão do valor de cada indivíduo.
Seus esforços em decifrar a linguagem humana são, por outro lado, semelhantes aos que dispende na denúncia do que lhe parece errado. Em 1967, ele escreveu: “A fraude e a distorção que cercam a invasão americana no Vietnã estão, agora, tão domesticadas que perderam seu poder de chocar. É portanto útil recordá-las, embora estejamos atingindo novos níveis de cinismo a toda hora e os evidentes motivos desse horror estejam sendo aceitos, com silenciosa cumplicidade, em nossos lares”. Se trocarmos Vietnã por Iraque, temos aí o texto que Noam Chomsky pode estar escrevendo neste exato momento.
Conferenciando para centenas de jovens na Austrália, metendo o bedelho nas crises do Oriente Médio ou escrevendo um artigo de lingüística, aí está Avram Noam Chomsky, temperamento eremita, que preferiria ficar quieto em seu canto, mas vive militando pelo mundo, denunciando o poder e espalhando solidariedade.
As frases que ilustram a reportagem foram extraídas de livros e entrevistas de Noam Chomsky. Colaborou Pedro de Moraes Garcez.
Fonte: Revista Matrix - Maio/03
Fonte: Revista Matrix - Maio/03
quarta-feira, 23 de abril de 2014
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