A subteoria sobre as
unidades da língua se constituiu na pedra de toque para seu entendimento como
uma estrutura. O fonema* foi a primeira unidade a ser estudada.
Ele é uma entidade formal não observável diretamente, não audível, não definível por propriedades físicas, mas apreensível pelo falante como uma sorte de "forma psicologicamente real", por meio da qual ele percebe a "realidade objetiva dos sons":
Sapir (1933: 39). Assim, se consideramos pata e para como palavras diferentes, é por que os únicos elementos diferentes nessas palavras, o /t/ e o /r/, são para nós formas psicologicamente reais. O fonema é a unidade mínima da estrutura fonológica, e embora portador dos sentidos, por si mesmo não tem sentido.
Ele é uma entidade formal não observável diretamente, não audível, não definível por propriedades físicas, mas apreensível pelo falante como uma sorte de "forma psicologicamente real", por meio da qual ele percebe a "realidade objetiva dos sons":
Sapir (1933: 39). Assim, se consideramos pata e para como palavras diferentes, é por que os únicos elementos diferentes nessas palavras, o /t/ e o /r/, são para nós formas psicologicamente reais. O fonema é a unidade mínima da estrutura fonológica, e embora portador dos sentidos, por si mesmo não tem sentido.
O morfema* é a
unidade mínima da estrutura gramatical, isto é, ele (e as demais unidades
gramaticais) associa os dois polos do signo linguístico, o significante e o
significado. Há morfemas-raízes, como em {fala}, morfemas afixos, como o
morfema de tempo-modo {ra}, o morfema de pessoa-número {s}, que
constituem a palavra falaras, morfemas suprassegmentais, como o acento,
que nos permite distinguir falaras de falarás, e morfemas zero,
como no presente do indicativo, em que depois do morfema-raiz não aparece um
morfema de tempo, só o de pessoa-número, como em falo.
A palavra é unidade
gramatical derivada do morfema, podendo realizar-se como um só morfema (como na
preposição de), ou associar mais de um morfema (como em alunos],
e funcionando como constituinte dos sintagmas (como em o aluno do professor).
O sintagma é a
terceira unidade gramatical. Trata-se de um conjunto de palavras associadas
pela propriedade da "constituência", tendo por núcleo a palavra que
lhe vai dar o nome, e por margens outras classes de palavras de seleção previsível.
Os sintagmas quando dotados de entoação própria podem funcionar como uma
sentença, ou podem ser constituintes de uma sentença.
A teorização do
fonema, do morfema e do sintagma representaram uma "construção pouco a
pouco" do entendimento da língua como uma estrutura.
A inclusão da quarta
unidade, a oração, mostrou-se muito trabalhosa. Ela é a unidade gramatical
máxima, e em sua caracterização a Gramática Estruturalista encontrou suas
maiores dificuldades, visto que a sentença soma em si um conjunto de estruturas
fonológicas, morfológicas, sintáticas (sintagmática e funcional), semânticas e
discursivas.
Se toma a língua como
um código, tais estruturas deveriam ser analisadas a partir de suas
propriedades "internas", sem pontos de contato com a situação de
enunciação em que foram geradas. Daí a dificuldade de estudar
estruturalisticamente a oração, o que acabou por levar a gramática
estruturalista a uma grande crise.
Os níveis
hierárquicos da língua
A teoria da língua
como uma estrutura propõe que as unidades mencionadas
anteriormente se organizam em três níveis hierárquicos: o nível fonológico (= fonema),
o nível morfológico (= morfema, palavra) e o nível sintático (= sintagma e sentença). Alguns modelos estruturalistas mais recentes incluem o nível discursivo, como na Tagmêmica: K.L. Pike e E.G. Pike (1977: cap. I).
anteriormente se organizam em três níveis hierárquicos: o nível fonológico (= fonema),
o nível morfológico (= morfema, palavra) e o nível sintático (= sintagma e sentença). Alguns modelos estruturalistas mais recentes incluem o nível discursivo, como na Tagmêmica: K.L. Pike e E.G. Pike (1977: cap. I).
O caráter hierárquico
desses níveis decorre de que, por postulação teórica, propriedades dos
fonemas terão repercussões na constituição dos morfemas, propriedades destes
terão repercussão na palavra, e assim por diante. Assim, a existência em
português de dois fonemas vocálicos mediais (cf. a distinção entre [e] e [o]
abertos e fechados) gerou o morfonema de gênero (cf. a distinção não afixal
entre ele / ela), de número (cf. a distinção não afixal entre ovo /
ovos) e de pessoa (cf. a distinção não afixal entre bebo / bebes).
Significa que o nível fonológico, "inferior" num arranjo que vá das
unidades mínimas para as unidades máximas, afeta o nível gramatical
"superior" dos morfemas, fazendo da estrutura linguística uma sorte
de "criação matemática" dos linguistas, "onde tudo está
relacionado” (francês “où tout se tient"), para retomar a formulação
saussureana.
Disponível em: http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/files/mlp/texto_14.pdf.
Acesso em
17fev.2015.No texto Ataliba T. de Castilho (USP, CNPq).
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